A epilepsia
A epilepsia é uma doença neurológica na qual ocorrem crises convulsivas de repetição. Existem vários tipos de crise convulsiva que numa classificação mais simples são divididas em parciais e generalizadas.
As crises convulsivas parciais são aquelas em que ocorre um comprometimento focal do encéfalo e é o tipo de crise mais comum. Ela é subdividida em parcial simples (sem comprometimento da consciência) e parcial complexa (com comprometimento da consciência). Como exemplo podem ocorrem movimentos involuntários da mão, lábios, sensação de formigamento em braço, dor epigástrica ou até mesmo crise de riso incontrolável.
Já as crises convulsivas generalizadas são as mais habitualmente mostradas em filmes e novelas. São aquelas em que há um comprometimento dos dois hemisférios cerebrais de forma sincrônica e há perda de consciência desde o início, ocorrem movimentos tônicos e/ou clônicos generalizados, podendo haver liberação dos esfíncteres. Dentro destas crises também existe a crise mioclônica, na qual ocorrem movimentos rítmicos rápidos dos membros “como se a pessoa houvesse levado um susto”; também a crise de ausência, na qual a pessoa fica com o olhar parado durante alguns segundos/minutos; e a crise atônica, na qual a pessoa tem uma queda brusca por perda completa da força.
Algumas epilepsias possuem um prognóstico grave, levando a quadros de atraso neuropsicomotor e sequelas cognitivas (memória, atenção). Muitas delas iniciam na infância, sendo muitas vezes chamadas de encefalopatias epilépticas. Alguns pacientes podem ter mais de 20 crises epilépticas por dia, mesmo em vigência de tratamento medicamentoso. A origem das epilepsias é variável, mas os casos graves geralmente são associados a lesões estruturais do sistema nervoso central como malformações ou lesões anóxicas neonatais (paralisia cerebral); também podem ter origem genética e algumas vezes não se encontram alterações que justifiquem a doença.
Estima-se que a epilepsia afete aproximadamente 0,5 % da população e que cerca de 30% dos pacientes continuam a ter crises, sem remissão, apesar de tratamento adequado com drogas antiepilépticas. Existem várias medicações para o tratamento e muitas combinações entre elas, que dependerão de cada caso específico.
Um dos muitos mitos que há em relação é sobre “engolir a língua”. Fiquem tranquilos pois isso não existe! (podem tentar fazer em casa). Na verdade é até perigoso tentar abrir a boca de quem está tendo uma crise convulsiva, pois a contração muscular é tão intensa que pode acabar decepando um dedo! Se você presenciar uma crise convulsiva preste atenção: você deve colocar a pessoa de lado e deixá-la em local confortável, retirando objetos em torno dela em que posso bater e se ferir e nunca tente abrir a boca para puxar a língua. Também não é preciso fazer respiração boca-a-boca, pois a aparente “falta de ar” é pela contratura muscular da caixa torácica.
Dr. Diego Cassol Dozza – neurocirurgião