A Verdade Nua e Crua: A Vida Sem Filtros e Sem Máscaras
Você sabia que não existe perfeição? E que, na verdade, essa tal de “perfeição” está na imperfeição? E que você é uma pessoa única no mundo todo e diferente das mais de 7 bilhões de pessoas na Terra? Então por que você insiste em querer ser mais diferente ainda? Por que você insiste em aplicar diferentes filtros quando tira uma foto ou publica nas mídias sociais alguém que na verdade não é você e sim uma idealização de “perfeição”? Por que tentar ser alguém que você não é, para parecer apenas o que o outro desejaria que você fosse?
São muitas perguntas, chega a dar um nó na cabeça! Lembremos que não tão pouco tempo atrás, lá nos anos de 1980 não tínhamos os tais dos “filtros”, as máquinas de tirar foto eram carregadas apenas com um rolo que saia o negativo e tínhamos que ir a uma loja revelar as tais das fotos e, se saíssem boas estava legal, mas se ninguém gostava era só deixar guardada, nada demais. Além disso, não se podia abrir a máquina antes te terminar o rolo pois queimaria todas as fotos e perderíamos tudo. Sabíamos que iríamos sair bem, pois não nos preocupávamos com o filtro e sim com as poses e caretas que fazíamos e nos divertíamos, simples assim!
Hoje há uma certa “urgência” em se mostrar de uma maneira exagerada para o mundo, de dizer “estou aqui e sou assim” como se isso realmente importasse para alguém, que não para a própria pessoa. Se fala em “depressão sorridente”, usa-se uma “máscara social”, para esconder, ou se esconder, da realidade que se está vivendo. “Ninguém pode saber que estou sofrendo”, pois sofrer implica em ser tachado de louco, de vagabundo, de drogado, ou seja, lá o que for!
Sofrer nada mais é do que um sinal de que algo de errado está acontecendo com nosso organismo (físico ou mental), é um alerta para podermos parar um pouco e nos enxergarmos como um todo, analisar cada aspecto da nossa vida, dos nossos relacionamentos, do nosso trabalho. Segundo Nietzsche “O mundo do sofrimento é necessário para que o indivíduo seja obrigado a criar a visão libertadora, porque só assim, abismado na contemplação da beleza, permanecerá calmo e cheio de serenidade”.
Então, se não nos permitirmos sofrer, ser livres daquilo que nos consome, por que tomamos remédios para a depressão, ansiedade, ou quando temos dificuldades para dormir? Por que simplesmente não tentamos estudar a causa de tal dor ao invés de fingirmos ser pessoas felizes e bem-sucedidas postando fotos e palavras incentivadoras nas redes sociais? Por que não desligamos os aparelhos por alguns minutos antes de dormir e fazemos um relaxamento, ouvimos uma música calma?
Se nós não conseguimos suportar realmente aquilo que somos, de cara limpa, sem filtros, sem sorrisos forçados, sem as máscaras artificiais, como suportaremos o outro? Como viveremos em sociedade se julgamos o outro por estar depressivo, ansioso, cansado, desmotivado, perdido? Até podemos nos esconder atrás de qualquer máscara por muito tempo ainda, mas a verdade estará sempre atrás dela. E podemos tirar quantas fotos quisermos, com os mais diferentes sorrisos e poses, com os milhares de filtros que a tecnologia oferece, no fundo, a verdade sempre estará na nossa frente quando chegarmos em casa e tirarmos a máscara e nos darmos conta de que aquele sorriso das fotos não está mais ali.
Então, proponho um desafio: Na próxima vez que for tirar uma foto, não importa como você vai estar: sorrindo, triste, cansado, irritado, nervoso, feliz, entusiasmado, enfim, seja você mesmo, não se preocupe com o que o outro vai achar ou vai escrever nos comentários, você é o que você tem que ser, essa pessoa única, imperfeita, real, diferente. E no momento em que for tirar alguma máscara do rosto, você vai ver que a verdadeira face é essa que você tem, e vai sorrir sem precisar de filtros, vai se amar e se colocar em primeiro lugar antes de alguém curtir ou compartilhar nas redes sociais. Simples assim.
Anderson Cassol Dozza
neuropsicólogo