Dingo Bells e a Reflexão do Final de Ano.
Estamos novamente nos aproximando de mais um final de ano, alguns, com certeza, falaram que esse ano passou ligeiro, outros nem tanto. Mas acredito que para todos é um ano com muitas angústias, ansiedades e receios para se esquecer.Somamos a isso, o fato de que, nessa época, muitas pessoas acabam desenvolvendo ou aumentando sentimentos negativos e pessimistas quanto ao futuro, com relação a si mesmos e a vida. Tomados por incertezas e preocupações excessivas, acabam se deprimindo e, até mesmo, se suicidando.
Porém, devemos continuar nossa luta e a extensão da campanha Setembro Amarelo, cuidando daqueles que nos são próximos, dos nossos amigos, familiares e colegas de trabalho e de escola. Precisamos reforçar a ideia de que a saúde mental é necessária, é para todos, é tão importante quanto a saúde física.
É preciso sim, criarmos uma consciência coletiva de que todo e qualquer ser humano, indiferente da raça, etnia, gênero e orientação religiosa, tenha direito à saúde mental. Se faz urgente, pessoas com caráter, humildade e empatia, que tomam lugar em cargos políticos, que possam zelar para que a saúde mental de toda pessoa seja garantida, através de acesso à saúde pública, com profissionais contratados competentes e locados em todas as unidades básicas da cidade.
É um descaso haver pessoas em sofrimento mental, sem nenhum acompanhamento com profissional da saúde mental, andando pelas ruas desassistidos. É repugnante, ver que os investimentos que deveriam ser para essa área, sejam desviados e colocados em lugares pouco úteis para a população.
Sim queridos leitores, talvez esse texto tenha um tom mais fervoroso e de caráter político, pois também sinto muita angústia em ver que, como profissional da saúde, sou limitado em meu fazer diário, para encaminhar para a rede pública, pacientes em estados gravíssimos e que não terão o atendimento adequado.
Enquanto não houver essa consciência de que todas as vidas importam, de que crianças e adolescentes, vivendo em um mundo criado por pais desorganizados, que priorizam uma educação de discriminação, criadas numa cultura de agressão e raiva, não haverá um futuro para a saúde mental.
Infelizmente, muitos acreditam ainda, que psicólogo e psiquiatra são coisa pra “louco”, mas garanto à vocês, os que pensam isso, que os psicólogos e psiquiatras é quem poderão garantir um futuro mais saudável, principalmente após a diminuição e contenção da pandemia pelo covid-19.
Enfim, como sempre nos finais de ano acabam surgindo alguns sentimentos de união e fraternidade, que possamos levar para o próximo ano, ideias já muito escritas e discutidas em meus textos e de muitos colegas de empatia e responsabilidade. Que cada um faça sua parte de maneira natural, sem tanto ódio, sem rancor, apenas de maneira respeitosa e empática, por que todos fazemos parte desse mundo e uma atitude irresponsável de um, coloca muitos em risco. Vamos refletir então e colocar boas práticas em ação.
Anderson Cassol Dozza
neuropsicólogo