Eu Também Vou Reclamar
Tem gente que reclama de tudo, tem gente que reclama de nada, tem gente importante que não tem o que lamentar, gente que grita, que ladra, que morde, que lamenta e que reclama.
Só sei que nada sei, quanto mais tento descobrir, mais burro fico e quanto mais ignorante, mais fácil roubar.
E tem gente que não sabe se ri ou se chora, que blasfema, que ora, que enrola e não desenrola, que nem sabe se é dia ou se é noite.
Tem rico achando que pode comprar tudo e todo mundo, que se der uma nota preta pode se livrar de uma multa, se não for preso, vira meme na internet.
Tem gente pra tudo, uma prateleira com muitas variedades, sabores e gostos, e, se a gente aprendeu alguma coisa, que gostos e amores não se discutem, aqui se discute até se o cara é canhoto ou destro, meia direita ou centroavante.
Tudo parece meia boca, se tampa o sol com a peneira, se tenta peneirar areia pra achar ouro, nunca se está satisfeito com nada, nada é mais importante que o próprio umbigo e o do outro é só mais um penico pra resolver uma queixa.
Como já dizia o grande mestre intergaláctico Raul Seixas “Eu também vou reclamar”, mesmo sendo meu direito ou não sendo, o direito talvez mude de direção, o que era pra ser em cima vai embaixo e nada mais faz sentido.
Mas também quero deixar minha queixa sobre os meus problemas, que não interessam a ninguém, mas alguém sempre diz algo que não presta, o que vira uma grande conversa de amigos e depois se resolve dando porrada no próximo vivente que discordar da minha humilde opinião.
O “achismo” está no ar, não o amor, mas sim a falta total de empatia, não importa a cor da pele, se tem “pinto” ou “periquita”, se gosta de homem, de mulher, de ser chamado de “isso” ou “aquilo”, o importante é que respira e que merece repreensão.
E se não é o suficiente, tem gente achando que o mundo é plano, que o fim está próximo e a última teoria da conspiração é achar que nossos celulares estão nos espionando.
Se vale de consolo, a psicoterapia ajuda na grande maioria dos casos, porém é preciso coragem, pois o psicólogo mexe com as coisas da sua cabeça, corre-se o risco de resolver os problemas que lhe incomodam e você não ter mais o que reclamar nas redes sociais.
E seja como for, se já foi, deixa ir e se vir, deixa chegar, pois tudo é passageiro e continuamos passageiros desse mundo que não para de girar.
Se alguém aprendeu alguma coisa esse ano, está no lucro, se não aprendeu nada, que se arrependa, pague seus pecados, fuja para não queimar na fogueira, pague o dízimo, seja para a igreja ou seja para a funerária, de qualquer jeito, para baixo da terra iremos.
Aceitar ou não as coisas que por aí estão, reais ou fake, novidades ou repetidas todos os dias, depende do que faz bem para meu ego. Se sou incompetente ou inapto, irresponsável ou desiludido, tanto faz, a capacidade de sermos humanos está sendo questionada a cada dia que passa.
Moral da história: Sendo que esse texto não é uma fábula, nem um conto de fadas, escolha o tipo de gente que você será e, apenas viva sua vida sendo mais empático e menos lata de lixo dos outros.
Anderson Cassol Dozza
neuropsicólogo