“Fibromialgia, temos solução?”
Como explicado no mês passado a fibromialgia é uma dor musculoesquelética crônica, generalizada, acompanhada por rigidez, parestesia (sintomas de formigamento), distúrbio do sono, fadiga, sintomas somáticos e alterações cognitivas, além de estar associada a diversas outras comorbidades. Isto causa perda na qualidade de vida e funcionalidade. Como tratar tudo isto?
O tratamento inicial deve ser feito com medidas não-farmacológicas como educação do paciente sobre a doença, higiene do sono, programa de exercícios com alongamento, atividade aeróbica, reforço muscular e necessidade de acompanhamento multidisciplinar, como psicoterapia.
Deve-se realizar uma educação sobre a dor e seu mecanismo de funcionamento. A fibromialgia é uma doença real e causa dor difusa, não é “uma imaginação da sua cabeça”. É necessária uma mudança para adquirir melhor qualidade de vida com bom padrão de sono, redução da obesidade e também ensinar sobre a doença aos familiares.
A Terapia Cognitivo Comportamental auxilia os pacientes a entenderem melhor, reconhecerem e modificarem os padrões disfuncionais causados pela fibromialgia, pois muitos apresentam uma personalidade com alto grau de catastrofização da dor que exacerba o estado de dor basal. Atenuação de fatores psicológicos como ansiedade, depressão e catastrofização pode ser conseguido através de várias sessões individuais ou em grupo.
As intervenções baseadas em mindfulness podem ser úteis no desenvolvimento da consciência dos estímulos e melhorar os mecanismos de enfrentamento.
A dieta e a perda de peso influenciam no controle da dor e do bem-estar. Devem ser evitados os FODMAPs, glúten e ser tentada uma dieta com mais baixa caloria.
Os exercícios físicos são fundamentais e deve-se evitar ao máximo o sedentarismo. Na maioria das vezes, o início das atividades físicas pode até mesmo piorar a dor e o cansaço, mas o paciente deve persistir, pois o benefício funcional é importante. O mais recomendado é a atividade cardiovascular de baixo impacto com aumento gradual da carga, respeitando a preferência individual. Nadar, caminhar (não passear olhando vitrines!), andar de bicicleta e hidroginástica são boas opções. Estas devem ser realizadas no mínimo 30 minutos por dia e três vezes por semana. De preferência sempre orientadas por profissional habilitado. A prática de yoga e tai chi também auxiliam.
Outra opção de tratamento é a realização da neuromodulação. Esta pode ser realizada com a estimulação magnética transcraniana (TMS) ou estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), além da aplicação de estimulação elétrica transcutânea. A neuromodulação do nervo occipital também se mostrou efetiva no controle da dor.
Concomitantemente a isso também são utilizadas medicações para auxílio no controle da dor, como antidepressivos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares e mais recentemente canabinóides. Estas medicações atuam auxiliando na neuromodulação central da dor e geralmente são utilizadas por longo prazo nas mais diversas combinações. Além disso, também podem ser utilizados analgésicos mais potentes de forma aguda.
Como se percebe o tratamento da fibromialgia é complexo e de longo prazo. Portanto, a paciência e a persistência devem ser estimuladas diariamente para se atingir um bom resultado. Seja forte!
1 – Current Pain and Headache Reports (2018) 22:33 https://doi.org/10.1007/s11916-018-0688-2
2- differential-diagnosis-of-fi – UpToDate
3 – Chinn S, Caldwell W, Gritsenko K. Fibromyalgia Pathogenesis and Treatment Options Update. Curr Pain Headache Rep. 2016 Apr;20(4):25. doi: 10.1007/s11916-016-0556-x. PMID: 26922414.
4 – clinical-manifestations-and-diagnosis-of-fi – UpToDate