Fibromialgia, você sabe o que é?
Muitas pessoas referem ter fibromialgia e nesses tempos de pandemia esta queixa tem aumentado consideravelmente. Mas você sabe realmente o que é fibromialgia?
A fibromialgia é uma dor musculoesquelética crônica, generalizada, acompanhada por rigidez, parestesia (sintomas de formigamento), distúrbio do sono, fadiga, sintomas somáticos e alterações cognitivas. Apesar da ocorrência em vários locais, a fibromialgia não está associada a reação inflamatória tecidual e a característica principal é que a dor não pode ser explicada por uma doença reumatológica ou sistêmica. Portanto, existem diversos diagnósticos diferenciais como, por exemplo, artrite reumatoide, espondilite, lúpus, síndrome da fadiga crônica ou da dor miofascial entre outras. E ainda para complicar mais as coisas, a fibromialgia pode coexistir com estas patologias.
Ocorre predominantemente no sexo feminino e com maior prevalência entre os 30 a 50 anos de idade. A sua causa ainda é bastante controversa, mas já se sabe que a privação do sono, baixos níveis de serotonina, redução dos níveis de GH, auxiliam na sensibilização central, sendo considerada uma desordem na regulação da dor, que permite uma amplificação do sinal neural resultando em uma hipersensibilidade à dor. Além disso, cerca de 30% dos pacientes têm diagnóstico psiquiátrico associado, como depressão, ansiedade, somatização, hipocondria, e questiona-se se isso seria uma causa ou consequência. Existem vários fatores desencadeantes como o estresse emocional, infecções, cirurgias, hipotireoidismo, traumatismos, mas algumas vezes não há fator identificável. Os sintomas clínicos principais são a dor associada com rigidez musculoesquelética generalizada e fadiga. Muitas vezes as manifestações clínicas são agravadas pelo estresse, ansiedade, frio, clima úmido e esforço excessivo, e são aliviadas nas estações do ano mais quentes e nas férias.
Além de toda essa quantidade de sintomas, a fibromialgia pode estar associada com a síndrome do intestino irritável, bexiga irritável, dor de cabeça/enxaqueca, síndrome pré-menstrual, síndrome das pernas inquietas, dor da articulação têmporo-mandibular, dor torácica não-cardíaca e fenômeno de Raynaud.
O diagnóstico é realizado com a aplicação de escalas e avaliação de pontos dolorosos. Também é necessário excluir outras doenças que podem mimetizar a fibromialgia como a síndrome da fadiga crônica, doenças reumatológicas, distúrbios do sono e quadros psiquiátricos. Não há exame complementar que faça o diagnóstico e são utilizados apenas para descartar outros problemas.
O tratamento inicial deve ser feito com medidas não-farmacológicas como educação do paciente sobre a doença, higiene do sono, programa de exercícios com alongamento, atividade aeróbica e reforço muscular e tratamento de comorbidades. são utilizadas diversas combinações de medicamentos e terapias adjuvantes como acupuntura, atividade física e acompanhamento psicológico.
No próximo mês falarei mais sobre o tratamento.
Dr. Diego Cassol Dozza – neurocirurgião