A hérnia de disco vertebral
O disco intervertebral é uma estrutura que fica entre dois corpos vertebrais e é composto por um núcleo pulposo e cercado por um anel fibroso. Sua principal função é a mecânica, transmitindo a carga corporal e permitindo os movimentos de flexão, compressão e lateralização, enquanto os movimentos de extensão e rotação são de responsabilidade das facetas articulares.
O núcleo pulposo é composto por cerca de 75 a 80% de água. O processo de degeneração é complexo e ainda não muito bem entendido. Ocorre de forma gradual e por múltiplos fatores como perda da nutrição do disco, sobrecarga mecânica, tabagismo, sobrepeso e genética. Com o processo de degeneração o núcleo pulposo perde seu poder hidrofílico e literalmente “murcha”. Isso desencadeia uma série de eventos incluindo a perda de altura do disco intervertebral, aumento da mobilidade e instabilidade da coluna, culminando com a transmissão da carga para o anel fibroso. Estes eventos também alteram a função de outras estruturas da coluna vertebral como os músculos e ligamentos.
Como a degeneração do disco é progressiva, pequenos traumas repetitivos causam fissuras no anel fibroso. Estas podem progredir e formar lacerações maiores por onde o núcleo pulposo pode herniar. Isto ocorre principalmente na região dorsal e dorso-lateral do disco. Este disco herniado pode causar a compressão da raiz nervosa adjacente e causar uma dor irradiada para o membro correspondente. Uma das dores mais frequentes é a chamada ciática (também conhecida como ciatalgia, lombociatalgia), que é uma dor que inicia na região lombar inferior e irradia até o pé. Isto também pode ocorrer na região cervical e torácica.
A hérnia de disco é uma das causas mais comuns da dor lombar. A dor lombar é um problema comum e cerca de 70 a 80% das pessoas terão alguma dor ao longo de suas vidas. A dor lombar causa uma incapacidade funcional e é responsável por muitas ausências ao trabalho.
As alterações osteoarticulares são resultado das lesões do disco intervertebral, das facetas articulares ou de ambos. Degenerações das articulações do quadril e sacroilíacas também podem contribuir para a dor lombar.
O tratamento da dor vai depender da causa específica que muitas vezes é difícil de definir. De maneira geral deve-se realizar fisioterapia, utilização de analgésicos/antinflamatórios, modificação do estilo de vida (perda de peso, parar o tabagismo). O tratamento clínico deve ser de no mínimo 3 meses, sendo que neste período cerca de 90% das pessoas já terão melhorado. Quando ocorre falha deste tratamento passa-se, então, para a intervenção cirúrgica que pode ser desde infiltração facetaria ou epidural até artrodese do segmento afetado.
E lembrem: os exercícios de reforço muscular nunca devem ser abandonados!
Dr. Diego Cassol Dozza – neurocirurgião