Nietzsche, a Psicologia do Ser e o (Ser)Real
Dia 27 de Agosto é comemorado o Dia do Psicólogo, mas para esse ano em especial, acredito que haja uma necessidade de maior reflexão do que saudação, começando pelo título. Estamos vivendo uma época muito difícil, de caos e de incertezas causadas pelo novo coronavírus e o isolamento social, o que tem deixado todos ansiosos e temerosos sobre o futuro.
Então eu pergunto: que tipo de máscaras estamos usando? De pano, com estampa ou sem, cirúrgica? Ou, que tipo de máscara usamos para disfarçar que está tudo bem, que nada do que está acontecendo é real e é apenas fruto da imaginação? Nosso rosto tampado ao mesmo tempo que esconde um sorriso ou a frustação, esconde também a verdadeira face da ansiedade.
Talvez, os assim chamados “loucos” pela sociedade em geral, em seu total desligamento da realidade, estejam vivendo melhor do que os “normais”? Ou ainda, somos realmente tão frágeis assim para não conseguirmos planejar nossas vidas em meio a tal pandemia mundial, que nos encarceramos em nossos próprios lares, bem como escondemos nossos corações e nossos rostos atrás de um sorriso forçado ou de atitudes que vão contra aquilo que realmente estamos sentindo?
Pois saibam que o que estamos sentindo é o que há de mais verdadeiro em nós. Quando não conseguimos colocar em palavras o que nos consome por dentro, o corpo é “forçado” a mostrar o que está por trás dessa outra “máscara”. Fingir que está tudo bem, só garante que o que não está bem permaneça se escondendo até aparecer em algum momento menos oportuno, ou em situações que este sentimento seja totalmente inadequado.
Sermos verdadeiros com nós mesmos, faz com que nos tornemos reais, ao ponto de que enfrentemos o que está acontecendo de cabeça erguida e nos esforçando mais para tudo passar mais rapidamente, encontrando soluções reais. Enquanto ficarmos apenas nos escondendo, nada vai mudar, e a mudança começo de dentro para fora. Então, aproveite o momento de isolamento, quando puder, e faça um exercício de auto reflexão, olhe para si mesmo e veja o quanto ainda pode mudar na sua vida para se fazer o bem e fazer o bem para os demais.
Friedrich Nietzsche, foi um filósofo do século 19, que acreditava que todos nós usamos máscaras e representamos algum personagem no dia a dia, o tempo todo. Para ele essas máscaras seriam uma forma de disfarçar quem somos e seria um hábito natural da humanidade. Nietzsche, em uma oportunidade, notou que a raiz da palavra pessoa é a palavra latina para persona, ou seja, máscara ou personagem.
Então fica a questão do real motivo que utilizamos tais máscaras, será que para nos protegermos de algo tão ruim que diante de nós toma proporções gigantescas, as quais não podemos suportar? Ou, apenas por considerar uma vantagem em nosso meio social, de podermos “fingir” ser quem não somos, mas para a sociedade é mais conveniente?
Seja de uma forma ou de outra, acredito que mantermos os pés na realidade, acreditando em nosso próprio potencial, não duvidando daquilo que podemos fazer e realizar, é o caminho mais sensato. Sejamos honestos com nós mesmos, sem subterfúgios, sem enganação, sem atalhos, sem máscaras.
Anderson Cassol Dozza
neuropsicólogo