O que é a cirurgia para Doença de Parkinson?
A Doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo do sistema nervoso que causa a morte de neurônios produtores da substância dopamina que atua regulando os movimentos do corpo nos chamados núcleos da base do cérebro. Esta é uma relação bastante complexa, mas que, resumidamente, acaba por deixar a pessoa com tremor, rigidez (movimentos mais “duros”) e bradiscinesia (movimentos mais lentos).
Há várias medicações e combinações possíveis para o auxílio do tratamento do Parkinson, mas em determinado momento pode ocorrer efeito colateral, falha da medicação ou a própria progressão da doença com outros sintomas de mais difícil controle. É neste momento que surge a indicação da realização da cirurgia.
Mas afinal o que é esta cirurgia? A cirurgia consiste em implantar um cateter/eletrodo cerebral em um ponto específico dos núcleos da base, que pode ser em um ou nos dois lados do cérebro, e conectar em um tipo de “marcapasso” que fica sob a pele do peito. É através deste gerador que o médico programa a intensidade de sinal enviado ao cérebro para controlar os sintomas da doença. O nome desta cirurgia é DBS, sigla em inglês para estimulação cerebral profunda.
O objetivo primário do DBS é reequilibrar o circuito cerebral através de uma estimulação elétrica seletiva e reversível do núcleo selecionado, melhorando o déficit neurológico e também comportamental. Ou seja, a pessoa vai ficar mais funcional.
A cirurgia de DBS já existe há 25 anos e há mais de 80 mil cirurgias em todo o mundo, gerando uma publicação científica de mais de 9 mil artigos. Além da Doença de Parkinson existem outras indicações: distonias (movimentos anormais), tremor, transtorno obsessivo compulsivo, depressão, síndrome de Tourrete, e já há pesquisa em Demência de Alzheimer, obesidade, distúrbios alimentares, hipertensão arterial resistente a medicação e cefaleia do tipo cluster.
Apesar das maravilhas que este procedimento pode trazer é bom ressaltar que não é uma cura da doença, pois a pessoa afetada ainda precisa tomar medicação e manter o acompanhamento multidisciplinar com fisioterapia, fonoterapia. As principais indicações para a cirurgia são os pacientes com flutuações motoras, discinesias, tremor e síndrome da desregulação dopaminérgica. O candidato perfeito para a cirurgia é aquele com menos de 70 anos, com no mínimo 4 anos de doença, que apresentou boa resposta às medicações, sem alteração cognitiva, que apresenta efeito colateral da medicação e que tenha bom entendimento sobre o procedimento.
Mas infelizmente a realidade em que vivemos é mais complexa e o paciente acaba sendo referido para o especialista quando a doença está muito avançada. Assim, sempre que possível o especialista deve ser consultado para orientar melhor cada paciente e auxiliar na melhora funcional.