O que é o TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, podendo ter um componente genético, que sempre se inicia na infância. Afeta2,5% a 8% das crianças em idade escolar. Cerca de 60% a 80% destas crianças mantêm os sintomas na adolescência e vida adulta.Daí a importância em realizar o diagnóstico e o tratamento precocemente.
O TDAH é caracterizado por graus variáveis de:
1) Desatenção: dificuldade de manter a atenção em tarefas longas, como leitura e estudo, erros por descuido, parecer estar “desligado”, ter dificuldade de memorização.
2) Hiperatividade: o indivíduo parece “nunca parar quieto”, “está sempre procurando algo para fazer”.
3) Impulsividade: manifesta-se, por exemplo, na interrupção abrupta de uma conversa ou na dificuldade de esperar em filas; o indivíduo impulsivo pode ser mais “respondão” e entrar mais facilmente em brigas.
É claro que todas as crianças e adultos apresentam algum grau de desatenção ou hiperatividade, porém o que se observa nos portadores de TDAH são níveis aumentados destes sintomas que acabam prejudicando o desempenho escolar e/ou social do indivíduo. No caso das crianças, as principais queixas costumam ser de mau desempenho acadêmico ou de mau comportamento, principalmente na escola, pelo fato de este ser um ambiente no qual a criança tem de seguir regras e ficar prestando atenção por um tempo prolongado. Já em adultos pode se observar menos anos de estudos completados, maior desatenção no trabalho, desorganização, esquecimentos frequentes e dificuldade para terminar tarefas.Há também possibilidade do desenvolvimento de adição a substâncias ilícitas.
O diagnóstico de TDAH é feito de forma clínica, com base em entrevista médica baseada em critérios diagnósticos bem definidos e, se necessário, complementado por avaliação psicodiagnóstica. Não existem exames complementares (por exemplo, exame de sangue ou de imagem) que façam o diagnóstico de TDAH. O tratamento do TDAH envolve abordagens multidisciplinares: intervenções psicoeducacionais (com a família, com o paciente e com a escola), intervenção psicoterapêutica /psicopedagógica e intervenção farmacológica. O tempo de tratamento medicamentoso varia de acordo com o caso, mas em geral é mantido pelo menos durante alguns anos. As medicações utilizadas são o metilfenidato que pode ser ação rápida (Ritalina) ou prolongada (Ritalina LA ou Concerta) e a lisdexanfetamina (Venvanse) de mais longa ação que os anteriores.As medicações devem ser usadas continuamente e na dose indicada para cada caso. São realizadas tentativas de redução das doses e reavaliação de tempo em tempo, não havendo um período previamente definido.
É muito importante o comprometimento e o entendimento de todos os envolvidos no problema (pais, escola e equipe multidisciplinar) para o bom resultado do tratamento. E quanto mais rápido o diagnóstico, menos prejuízo no desempenho da pessoa.
Dr. Diego Cassol Dozza – neurocirurgião