O QUE VOCÊ APRENDEU SOBRE A SAÚDE MENTAL NO ÚLTIMO ANO?
Muitos já sabem que em janeiro se inicia a campanha Janeiro Branco, que diz respeito a nossa saúde mental. Mas será que você já aprendeu algumas coisas? Por exemplo, quando deve procurar um psicólogo ou psiquiatra? O que é ansiedade e depressão? Por que é importante termos um momento de lazer e relaxamento? Por que trabalhar também é importante? O que é saúde mental?
Realmente muitas perguntas, não é? Mas é assim que aprendemos, desde nossos anos iniciais na escola, até a vida adulta, através de estudos, de informações, troca de experiências e questionamentos. E não é diferente com a saúde mental, a qual devemos ter tanto cuidado quanto com a saúde física.
Se você faz exercícios físicos, vai na academia, se alimenta adequadamente, faz dieta, ou se procura um médico para avaliar uma dor, vai ao dentista, ao e se preocupa com seu estado físico, também tem que se dedicar ao seu estado emocional/psíquico da mesma maneira.
É muito preocupante ver que no último ano, provavelmente também por causa da pandemia, muitas pessoas têm se encontrado em um estado emocional muito intenso e angustiante, seja por causa de uma ansiedade (ataques de ansiedade, pensamentos acelerados, etc.), depressão (vontade de ficar isolado, dormir demais, etc.), insegurança, estresse, fadiga e falta de vontade de fazer qualquer coisa.
Mas, também, podemos pensar que muita coisa já estava “guardada” por aí há um bom tempo e nunca foi “mexido”. Muitas dores físicas podem estar ligadas com problemas psicológicos, seja uma simples dor de cabeça, mas também uma gastrite, quadros de enxaqueca, dores musculares, dificuldades de dormir e de se concentrar no trabalho, que podem justificar uma dor psicológica.
No início do ano o Conselho Federal de Psicologia realizou um debate importante com o tema “Saúde mental de janeiro a janeiro”. No debate foi focado que “A Saúde Mental deve ser tratada em todos os níveis de cuidados, durante todo o ano, prezando pelo desenvolvimento de ações e políticas públicas que favoreçam o acesso à direitos; o bem-estar físico, psíquico e social; a qualidade de vida; enxergando nesses cuidados não só o indivíduo e suas subjetividades, mas todas as coletividades”.
Destaquei essas frases pois resumem de modo específico o que se quer passar com a campanha do Janeiro Branco, que a saúde mental deve ser cuidada o ano todo, todos os dias, 7 dias por semana, 24h por dia. Não adianta em nada ter o corpo “sarado”, mas a mente e os sentimentos em constante desequilíbrio, ficaria uma casca oca e vazia. Também, precisamos nos enxergar (seres humanos), como uma mente coletiva, nos preocupando com os outros e desenvolvendo cada vez mais uma ideia de empatia, que também é uma palavra importante para ser traduzida e aprendida por todos.
Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim a Consciência Coletiva “é um conjunto cultural de ideias morais e normativas, a crença em que o mundo social existe até certo ponto à parte e externo à vida psicológica do indivíduo”. Então, devemos sair da nossa “bolha”, expandir nossa mente e nossa perspectiva, possivelmente construída sobre um alicerce de (pré)conceitos e individualidade egoísta e imprudente, para perceber que hoje, o mundo precisa mais uma equipe unida do que de seres individualistas.
Assim se faz saúde mental, se adquire saúde mental e se respira saúde mental, através do pensar coletivo, do pensar de cada indivíduo, porém transcendendo o egoísmo e a falta de empatia. O todo depende mais do que as partes, o comportamento indiscriminado de um, coloca a saúde (mental e física) do outro em perigo.
Então, pensemos, vamos exigir de nós mesmos um impulso de bom senso e responsabilidade para com nós mesmos e para o outro. Que a importância da saúde mental se prolongue pelos próximos 365 dias do ano e pelas próximas gerações. Que nossos filhos, netos, bisnetos… olhem para trás e restabeleçam um equilíbrio entre mente e corpo, para terem um futuro mais branco.
Anderson Cassol Dozza
neuropsicólogo