Procedimentos para tratar dor crônica devolvem qualidade de vida aos pacientes
Sentir dor é algo que causa estranhamento para o ser humano. Quando sentimos dor, buscamos o médico, um tratamento, pois aquilo nos incomoda. Porém, muitas doenças causam dor crônica, o que é incapacitante para algumas pessoas, e, mesmo com o avanço das medicações do tratamento convencional, não conseguem uma melhora satisfatória de seus sintomas. Diante deste problema, estudos clínicos têm mostrado que a utilização da infusão intratecal das medicações através de bombas de infusão implantáveis tem apresentado melhora significativa no controle das dores e com menos efeitos colaterais, pois utilizam doses menores das medicações.
Conforme o neurocirurgião, Diego Cassol Dozza, que atua no corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, a bomba de infusão implantável é um tratamento no qual um cateter é colocado dentro da coluna do paciente, mais precisamente no espaço subdural, onde há o famoso “líquido da espinha”, e é conectado sob a pele com a bomba infusora, espécie de “marcapasso”, que fica implantada no abdômen, abaixo da pele e sobre a musculatura. “Então, calcula-se a dose que será liberada continuamente ou em pulsos, atuando de forma mais precisa diretamente sobre o sistema nervoso”, explica.
Outro uso para a bomba de infusão é para a espasticidade/distonia que ocorre em casos como sequela de paralisia cerebral, AVC, trauma medular, esclerose múltipla. “Nesses casos a medicação utilizada é o baclofeno intratecal no qual a dose é muito inferior a utilizada pela via oral e com potencial de ação e efetividade muito maior, permitindo controle da espasticidade com redução das dores causada por ela, cãibras, melhora da contratura para a realização da fisioterapia, dentre outros”, evidencia Dr. Dozza, que realizou um procedimento para espasticidade, na última semana no Hospital São Vicente, com o intuito de devolver qualidade de vida, a paciente Caroline Veronica Dallanora, 23 anos, que perdeu os movimentos de pernas e braços, em uma acidente. “A bomba infusora instalada libera a dose da medicação que faz com que a musculatura do corpo solte, podendo ser trabalhada pela fisioterapia. Isso, traz mais qualidade de vida ao paciente, como é o caso da Caroline”, pontua o neurocirurgião.
Para Antônio Dallanora, pai de Caroline, o tratamento foi uma esperança encontrada pela família de Frederico Westphalen. “Ela tem toda uma vida pela frente. Então encontrar o Dr. Dozza e esse procedimento nos trouxe esperança que ela tenha uma qualidade de vida melhor. O acidente foi há pouco mais de um ano, passamos em vários hospitais, mas aqui encontramos uma expectativa positiva, de um tratamento que vai beneficiar ela”.
Caroline teve alta no dia seguinte ao procedimento e a melhora já pôde ser vista horas após a cirurgia. “A cirurgia correu muito bem e no pós-operatório já observamos uma diminuição na rigidez dos membros. Vamos seguir acompanhando ela para vermos sua evolução junto com a fisioterapia”.
Para outros tipos de dores, como a oncológica, existe a possibilidade da implantação da bomba de infusão. “Esse aparelho é deixado sob a pele do abdômen e conectado a um cateter que libera a medicação direto na medula do paciente. Pode ser utilizada a morfina intratecal (utilizada para dor) e o baclofeno intratecal, que é utilizado para espasticidade – contratura que ocorre após o AVC, esclerose múltipla, paralisia cerebral”, evidencia Dr. Dozza, destacando que os resultados “são muito bons e o paciente é mantido com uma dose podendo ser 300 vezes menor que a utilizada pela via oral”.
Após a falha terapêutica com as medicações convencionais para o tratamento da dor não há mais aquela frase “você tem que se acostumar com a dor e conviver com ela. Atualmente há um avanço enorme na tecnologia medicamentosa e no tratamento cirúrgico que podem auxiliar na qualidade de vida de quem convive com esse sofrimento”, enaltece.
Foto: Neurocirurgião avaliou paciente após o procedimento e já era possível perceber uma diminuição na rigidez da musculatura (Foto Assessoria e Comunicação HSVP/Caroline Silvestro)