Transtorno do Espectro Autista
Em abril comemora-se o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, atualmente mais conhecido como transtorno do espectro autista (TEA). Este tema está cada vez mais presente em nossa sociedade devido a alta prevalência deste diagnóstico. Estima-se que de cada 110 crianças uma terá autismo e que em meninos esta proporção pode chegar a 1 caso para cada 70 indivíduos.
Este transtorno foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo médico psiquiatra Leo Kanner que observou um grupo de crianças com dificuldade de comunicação e interação social. Apesar do tema ser amplamente estudado desde então, não se sabe ao certo o que especificamente causaria as alterações observadas no autismo. Acredita-se que uma gama de fatores possam ocasionar esse transtorno, tais como defeitos genéticos, lesões associadas a infecções durante a gestação ou agentes tóxicos.
Deve-se prestar atenção aos sinais precoces que sugiram autismo, tais como atraso do desenvolvimento da fala, pouco contato ocular, presença de tiques como sacudir as mãos ou andar sem propósito de um lado para outro, choro sem motivo aparente , dificuldade de interação social e para expressar afeto, além da pouca resposta ao chamado e solicitações. Atualmente o autismo é classificado como leve, moderado ou grave, dependendo do grau de comprometimento cognitivo e comportamental.
No caso de suspeita os pais ou cuidadores devem procurar um médico que pode ser psiquiatra, neurologista ou pediatra para investigação. Uma vez firmado o diagnóstico existem terapias que podem ser aplicadas com intuito de desenvolver a fala e a sociabilidade. Infelizmente não há cura, porém o tratamento multidisciplinar com fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, psicopedagogo, médico e outros profissionais treinados acarreta , na maioria das vezes, uma melhora significativa dos sintomas. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, melhor a resposta, devido a uma maior capacidade de neuroplasticidade (formação de novas conexões cerebrais) na população pediátrica. As medicações são utilizadas para o controle da agitação psicomotora e controle da ansiedade, mas não agem no transtorno propriamente dito.
É preciso que a sociedade acolha estes indivíduos e suas famílias, respeitando as diferenças e suas limitações.
Dra. Ana Luísa Casado Brasil Dozza – neurologista